Lição 02 de 04:

Uma Nova Visão sobre a Mixagem

Nessa lição você vai entender aspectos profundos da mixagem, além de como "hackear" as características de grandes HITs e começar a desenvolver o seu próprio workflow!

De: Eduardo Juliato 

Valinhos – SP

Isso mudou completamente o meu resultado na mixagem

O que você vai ler nessa lição pode mudar completamente os seus resultados na mixagem e colocar a sua música em outro patamar!

Continuando a nossa aventura… 


Na primeira lição, eu falei sobre o “soco na cara” que eu levei do Grouch.
Aquilo me deixou triste, mas foi fundamental para que eu começasse a me coçar. Transformar a frustração em combustível foi fundamental! 

 

 

Então, comecei a comprar cursos e livros, todos em inglês porque no Brasil não havia nada. Finalmente, passei compreender BEM como funcionavam os compressores, equalizadores, saturadores, técnicas e mais técnicas. Eu aprendia uma coisa, aplicava, entendia, ia para a próxima. 

 

 

Só tinha um problema… 

Eu tinha acumulado um baú de técnicas, mas eu não sabia exatamente quando utilizar cada uma. 

 

“Ok, eu sei que compressão paralela é legal. Já entendi como funciona. Mas, quando eu uso isso na minha música?”

“Como eu sei que um elemento precisa de saturação?”

 

Até que um dia, eu li um livro do Bobby Owsinski chamado “The Mixing Engineer’s Handbook” e muitas coisas começaram a fazer sentido. 

 

 

A Mecânica da Mixagem

Talvez você esteja vivendo essa mesma fase. Já aprendeu um monte de técnicas e conceitos, mas parece que falta um fio condutor para juntar todo esse conhecimento.
Descobrir essa resposta era o meu maior objetivo!

 

A minha primeira virada de chave:

 

 

Eu peço que você leia com muita atenção o próximo parágrafo. Ele foi extraído (e resumido do livro do Bobby Owsinski): 

 

 

“Embora a maioria dos engenheiros confie em sua intuição ao fazer uma mixagem, eles seguem um método.

Em geral, a maioria dos profissionais pode ouvir alguma versão do produto final em suas cabeças ANTES mesmo de começar a mixar. Eles se familiarizam com a música antes de começar o trabalho.

A maioria dos grandes mixers são metódicos na maneira como abordam uma mixagem. Embora o método possa variar um pouco dependendo da música, do artista ou do gênero, a técnica permanece constante”.

 

Esse simples parágrafo me mostrou duas coisas que mudariam completamente o jogo da mixagem pra mim: 

 

 

1. Aprender a ouvir a mix (sem o apego do produtor/artista)

 

 Você já deve ter percebido que quando você ouve a sua música olhando para a tela de arranjo, você não ouve direito! Você tem uma percepção enviesada por aquilo que você está enxergando. Além disso, você tem um certo apego com a sua obra. Você tem dó de mudar qualquer coisa que você produziu com tanto carinho. 

 

É por isso que hoje, quando eu vou mixar, eu abro outro projeto e enquanto estou ouvindo com o objetivo de fazer um diagnóstico (vimos isso na lição 01), eu tento não olhar para a tela. 

 

 

Preciso contar uma história bem rápida para você entender o que quero dizer aqui:

 

Em 02/01 deste ano eu acordei as 6:12 da manhã com a maior dor que eu já senti até hoje. Era como uma faca entrando em minhas costas, do lado esquerdo, na região lombar. 

Fui me contorcendo até o banheiro e meu xixi saiu marrom. Fiquei muito assustado! 

Chamei minha esposa e ela me levou até o hospital. Chegando lá, o médico não me examinou, não olhou pra minha cara e me deu um remédio. 

 

É claro que não funcionou! Aquele abençoado não foi capaz de perceber que eu estava com pedra no rim. Era óbvio! Mas ele me deu um remédio para… o estômago. Achou que eu estava de ressaca. 

 

 

O que esse médico fez comigo é o que muitos produtores fazem na hora de mixar. Saem “prescrevendo tratamentos” sem saber quais são os problemas reais. Entende o que estou querendo dizer? 

Não faz sentido sair colocando plugin em tudo que é canal sem ter uma INTENÇÃO CLARA! 

 

Bom… acho que você já entendeu essa parte né? 

 

 

 

2. Desenvolver um método (workflow) 

 

Ora… se todos os grandes engenheiros de mixagem tem um método a seguir em qualquer tipo de mixagem, de qualquer gênero, de qualquer artista, por que eu não tinha o meu próprio método? Um passo-a-passo que eu pudesse replicar sempre…

 

 

Então, eu comecei a estruturar o meu passo-a-passo, como se eu fosse um chef de cozinha criando uma receita. Primeiro, eu pensei “qual seria o primeiro passo ideal da mixagem?”. E então, fui para os cursos e livros em busca da resposta. 

Em seguida, comecei a listar todos os processos que eu conhecia sobre a mixagem e definir uma ordem lógica para eles. 

 

 

Inicialmente, eram 7 passos principais. O resultado das minhas mixagens começou a dar um salto. Pela primeira vez, eu sentia uma pontinha de orgulho em cada música que eu terminava. 

 

E então, o que eu menos esperava na vida aconteceu… 

 

O Ponto da Virada

Depois de ter começado a seguir a versão mais simples e rudimentar daquele meu roteiro de mixagem, recebi outro comentário no Soundcloud. Mas, dessa vez, era da minha maior referência de todas: O Tetrameth, da Austrália. 

 

Pra você ter uma ideia do que aquilo significava pra mim, eu só comecei a produzir depois que vi esse cara tocando no Boom Festival em 2008. Se não fosse ele, você não estaria lendo esse texto hoje e eu estaria trabalhando com biólogo. 

 

 

Desta vez, não foi qualquer comentário. Foi um super elogio e o convite para lançar a música na label dele, a Weapon Records, em um VA junto com outros artistas como Merkaba, Freedom Fighters, Captain Hook, Tetrameth, Flow Job…  

Aqui está a música que foi o meu primeiro grande lançamento: 

O Método que Virou Matéria da House-Mag

Logo depois de criar esse método, que eu chamava na época de “Os 7 Passos da Mixagem”, eu comecei a publicar artigos no blog e fazer aulas ao vivo ensinando as pessoas a mixar. 

Até que recebi um convite da maior revista de conteúdo eletrônico do Brasil para publicar o meu método: A House Mag

E a minha matéria saiu na Edição Especial de 11 anos da revista, com a capa do Liu. 

 

Aqueles 7 passos acabaram se tornando cursos, livros e ensinou muita gente a mixar. Mas, ele ainda tinha suas falhas… É claro, era uma versão “beta” do método. Ele ainda tinha umas falhas. Hoje, esse método ganhou esteróides e está em sua melhor versão. 

 

Eu aparei algumas arestas, incluí novos passos, reordenei algumas coisas. 

Eu posso dizer, seguramente, que eu não conheço um método mais poderoso do que esse para transformar tracks comuns em mixagens extraordinárias. 

 

Nesse momento, eu acho que você está morrendo de curiosidade para conhecer esse passo-a-passo logo, não é? 

Eu vou te contar todos os detalhes desse método, não se preocupe! 

Mas, eu preciso te dizer que o passo-a-passo por si só não garante uma boa mixagem. Antes, você precisa entender alguns conceitos fundamentais! 

 

Os 6 Domínios da Mixagem

Isso que você vai aprender agora é a base da compreensão da mixagem. Esse conceito foi proposto por Bobby Owsinski. Uma mixagem possui 6 grandes atributos. 

 

Equilíbrio
É a relação do nível de volume entre os elementos da música. Essa é uma das primeiras e, talvez, a tarefa mais importante da mixagem. Uma mixagem bem feita depende de um bom equilíbrio entre os elementos. É a tarefa que chamamos de ajuste relativo de ganhos.


Espectro de Frequências
É a garantia de que todas as frequências audíveis sejam devidamente representadas. É o que chamamos de balanço tonal.

 

Panorama
Significa posicionar cada elemento musical no campo sonoro. Observe as músicas que você tem como referência, como cada elemento é posicionado no estéreo.

 

Dimensão/Espaço
Significa adicionar ambiência a um elemento musical. É aqui que são adicionados reverb, delay e outros efeitos. Isso cria um aspecto de profundidade em determinados elementos.

 

Dinâmica
O controle dinâmico é onde a compressão, gating, limitação e outros processamentos são utilizados. Isso acontece em elementos individuais, em grupos de canais e na faixa toda. Esse processo visa garantir o controle da amplitude. Em outras palavras, o controle das variações de volume.

 

Estética
A estética é o que torna a sua mixagem única. Cada engenheiro de mixagem tem o seu “tempero”. 

 

Com a compreensão básica desses termos, você vai ganhar a habilidade de começar a hackear a mixagem das suas referências. São exatamente esses aspectos que você vai comparar. 

 

Como Hackear a Mixagem das Referências

Chegamos num dos pontos mais excitantes dessa série de lições. Eu espero que você esteja curtindo o que viu até agora. 

 

 

Durante muito tempo, eu comparava a minha mixagem com as de outros artistas e ficava muito frustrado. Parecia que existia um abismo de distância que eu jamais superaria. Até que eu descobri que eu poderia “hackear” a mixagem das grandes produções. 

 

 

A primeira coisa é encontrar músicas de referência que sejam parecidas com a sua. Se possível no mesmo tom e BPM. É claro que isso nem sempre é possível, mas busque, no mínimo, músicas com uma instrumentação parecida (não vá comparar psytrance com trap). 

 

 

O Equilíbrio Tonal 

Este é um dos fatores mais importantes que você vai comparar. Basicamente, como está a distribuição e intensidade das frequências. É muito comum a sua música ter um excesso de graves, o que a torna “boomy”.  Ou excesso de agudos. Ou falta de agudos. Whatever… 

 

Isso acontece porque muitas vezes não temos uma acústica adequada, bons monitores, bons fones e também bons ouvidos. 

 

O que fazer então? 

Simples! Hackeamos o equilíbrio tonal dos grandes artistas. A gente sabe que eles tem estúdios bem tratados, que eles são experientes, que a masterização foi feita por um engenheiro de master pica das galáxias. Então, a gente simplesmente segue os caras. 

 

 

Hoje em dia, existem plugins que facilitam muito essa comparação, como o Adaptr – Metric A|B, o Mastering the Mix – Reference, dentre outros. Mas, se você não tiver nenhum desses plugins, você pode usar um equalizador mesmo. 

 

Primeiro, você isola os somente o sub nas duas faixas e compara. Observe se o seu sub está muito abaixo ou acima da referência. Em seguida, com os graves, médio-graves, médios, médio agudos, agudos etc…. 

 

 

Comparando como estão as frequências da sua música, você começa a desenvolver a DIREÇÃO para a sua mixagem. 

Por exemplo, você pode notar que sua música está com os agudos muito abaixo da referência e com os graves muito mais intensos. 

Nesse caso, você poderia simplesmente reduzir o volume do kick e bass e aumentar o volume dos hats. Ou, talvez, colocar um compressor multibanda no sub. 

 

 

O mesmo processo você vai utilizar para comparar o estéreo em cada banda de frequências e também a dinâmica. A dinâmica exige um pouco mais de prática. É necessário prestar atenção no tamanho das notas do kick e bass, no punch, na definição. É uma coisa que vem com o tempo.  

É difícil ensinar a ouvir a dinâmica apenas por um texto como esse, mas você encontra alguns tutoriais no Youtube. 

 

 

Eu gravei um curso express sobre isso mas nunca mostrei a ninguém. Talvez, eu coloque de bônus na minha nova mentoria de mixagem que vou lançar em breve. Mas, depois eu falo mais sobre isso…. 

 

 

As perguntas mais importantes que você deve se fazer para "hackear" uma mixagem

Quando você estiver comparando a sua música com uma referências, essas perguntas podem te ajudar: 

 

1. Quais são as características dinâmicas do kick e do baixo da referência? É mais punch? Mais arredondado? As notas são maiores ou menores?  

2. Como é o balanço tonal? A minha música tem mais ou menos graves/médios/agudos que a referências?  

3. Como é o estéreo? Em que bandas de frequência a referência tem um estéreo mais aberto? Em quais bandas é mais fechado? 

4. Como é a bateria? Tem transientes bem definidos ou são mais arredondados? É bem “na cara” ou é mais sutil? 

5. Como são os synths? Bem agressivos ou mais sutis? 

6. Eu consigo perceber profundidade e reverb em alguns elementos? Quais? 

7. Eu consigo perceber a estética dessa mix? É mais brilhante, mais dark, mais sutil, mais agressiva, mais dinâmica ou mais comprimida…? 

 

Importante: Você está comparando a sua música VERSÃO PRÉ-MIXAGEM com uma versão MASTERIZADA. Obviamente, é uma comparação injusta. A sua mix vai estar muito abaixo de uma versão masterizada. Não corte os pulsos! 

O mínimo que você fazer é normalizar o volume das duas para ter uma comparação um pouquinho mais justa. Alguns plugins, como o Reference e o Metric A|B fazem isso automaticamente. 

 

A música masterizada é um norte para você seguir. No final da sua mix, se der tudo certo, você vai estar um pouco mais próximo da referência. 

 

Além disso, você não precisa COPIAR todos os aspectos da referência. Tá tudo bem se o artista usou um kick curtinho e você está usando um kick grande. Não deixe essas coisas limitar a sua arte e criatividade! Use as referências como… apenas referências! 

 

 

Juntando as Peças do Quebra-cabeças

Eu espero que você tenha aprendido alguns conceitos interessantes sobre a mixagem até agora. Toda essa argumentação, contando minhas histórias e “causos”, é simplesmente para que as coisas façam sentido pra você, ao invés de eu jogar um tutorial na sua cara e dizer “faça compressão paralela na bateria porque é legal”. 

 

 

Eu quero que você entenda algo que eu demorei muitos e muitos anos para entender. Eu não espero que lendo um texto, você possa se tornar um grande engenheiro de mixagem, mas o meu objetivo maior aqui é te trazer CLAREZA e ENTENDIMENTO sobre a filosofia e aspectos mais sutis da mixagem. Algo que os tutoriais mais técnicos raramente vão passar. 

 

 

Enfim, estamos agora começando a entender o fluxo da mixagem. Eu ainda não falei sobre todos os conceitos, mas quero amarra-los todos aqui de uma forma que fique fácil de você ter uma compreensão MACRO da mixagem. 

 

Podemos dividir a mixagem em 4 grandes etapas: 

 

– Diagnóstico

– “Hackear” Referências 

– Correção 

– Lapidação 

 

 

Esses 4 blocos englobam todos os conceitos e técnicas de mixagem que você vai utilizar na sua música. Teremos um workflow para cada um deles. 

Já nessas duas primeiras lições, falamos sobre o Diagnóstico e Hackear Referências. Na próxima lição, vou falar sobre o passo-a-passo dos próximos 2 blocos, Correção e Lapidação.   

 

 

Esses 4 blocos englobam todos os conceitos e técnicas de mixagem que você vai utilizar na sua música. Teremos um workflow para cada um deles.

Já nessas duas primeiras lições, falamos sobre o Diagnóstico e Hackear Referências. Na próxima lição, vou falar sobre o passo-a-passo dos próximos 2 blocos, Correção e Lapidação.

Vamos Fazer um Resumo do que Vimos até Agora?

1. Técnicas isoladas de mixagem não servem pra nada. 

2. Os grandes engenheiros de mixagem são capazes de ouvir o resultado final da mixagem em suas mentes antes de começar a mixar. 

3. Os grandes engenheiros de mixagem tem um método (workflow). 

4. Os 6 Domínios da Mixagem são: Equilíbrio, Espectro de Frequências, Panorama, Dimensão/Espaço, Dinâmica e Estética. 

5. A compreensão dos 6 domínios é a base para você “hackear” a mixagem de grandes artista. 

6. Comparando a sua música com outras mixagens, você cria inicialmente a DIREÇÃO para seguir. 

7. Você pode comparar vários aspectos da sua mixagem com outras simplesmente isolando bandas de frequências no espectro ou utilizando plugins apropriados. 

Você já aprendeu que o primeiro passo da mixagem é fazer um diagnóstico. O segundo passo é comparar com as referências e tornar o seu diagnóstico ainda mais preciso. 


O terceiro passo e quarto passo é seguir um processo validado de mixagem. E é exatamente isso que você vai aprender na próxima lição! 

 

Um desabafo: 

Esse mundo da mixagem é um negócio apaixonante. Eu espero estar despertando ainda mais esse desejo em você porque aprender a mixar é algo que muda o jogo. 

É claro, mixagem não faz milagre em uma música ruim. A produção tem que ser razoável. 

 

Mas, quando você começa a assimilar todos os processos, a mixagem se torna um processo muito prazeroso. Tanto que eu tenho pensado em fazer mixagens para terceiros. E olha, não é um serviço barato. Uma mixagem pode custar de R$800,00 a R$1500,00.  

 

Isso quer dizer que, além de melhorar muito a qualidade das suas músicas, você ainda pode prestar esse serviço e fazer uma renda extra! 


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